quarta-feira, 6 de julho de 2011

Banzo

Eram como manadas de bois, em carros de bois, vida de bois. Todavia bois não haviam! Sim mãos negras, mãos que fariam a história dessa terra, mãos que contrastavam com o algodão branco que era colhido pelas mesmas, artigo de luxo! Cousa que negrinho “tu” jamais vestiria.

Dentes brancos e fortes.... “esse eu quero!” disse o senhor de engenho feliz ao saber que estava acabando de adquirir mais um negro através de um escambo barato, “vendido!” disse um conterrâneo burguês, com seu odor fétido de navio negreiro, sem saber que acabara de propagar o conceito capital, conceito no qual retiraria os bem providos de melanina da situação na qual viviam. A saudade da mãe África era tão grande que até os mais fortes não suportavam, a tristeza vos dominava e os derrotava como fossem pragas.

“ Luanda sunce é livre!, não se rendera aos capricho de sinhazinha branquela mimada” dizia com orgulho Zaudé, após seu rebento a beira de um rio ceio da rainha das águas, a qual acalmava a alma daquele povo que tanto sofria. Passou o tempo... Luanda vingou como o café em terra fértil, todavia Zaudé não tinha mais aquele vigor de outrora , sua mocidade tinha sido repassada e traduzida em coxas grossas e siluetas afinadas de Luanda, siluetas capazes de reluzir brilho nos olhos azuis de Fernando, filho do barão, homem que deu a Luanda os mesmos pares de olhos azuis. Ora! Acha mesmo que Zé preto da cara cinzenta da perna cinzenta daria fruto mulato..

De que valeria aquela alforria de nascença se nada poderia mudar... “Mãos ótimas que tens Luanda, seremos grandes amigas! Papai jamais te castigaras de novo” dizia a sinhazinha de sangue azul contrariando o desejo de dona Zaudé, que agora de volta ao mesmo rio onde banhou se em batismo, foi molestada e por votos de felicidades pariu Luanda, aguarda a tristeza e a saudade do banzo a arrastarem com sigo.

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